Imagine que um membro de sua diretoria, na busca por agilidade, discutisse os detalhes de uma negociação confidencial em um café lotado. Parece imprudente, certo? É exatamente isso que pode estar acontecendo em sua empresa, digitalmente, através do uso de ferramentas de Inteligência Artificial públicas.
Esse fenômeno, conhecido como “Shadow AI” ou “IA Sombria”, surge de uma prática interna muitas vezes bem-intencionada. Um colaborador, buscando otimizar uma tarefa, copia e cola dados de clientes, planilhas de vendas ou trechos de um contrato em uma IA de acesso público, como as versões gratuitas do Chat GPT. Sem saber, ele pode estar cometendo uma grave violação de dados.
Enquanto a discussão sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) muitas vezes é vista como um tema para pequenas e médias empresas que ainda se adequam, a realidade no ambiente executivo é outra. A questão não é o tamanho da empresa, mas o calibre da informação.
Para um líder, o vazamento de um plano de M&A, uma lista de sucessão ou dados estratégicos de remuneração não é apenas uma infração legal; é uma potencial catástrofe reputacional e financeira.
O processo de recrutamento de alto nível, por exemplo, é construído sobre uma base de confiança absoluta. Candidatos nos confiam suas aspirações de carreira; empresas nos confiam seus planos mais estratégicos. O uso irresponsável de tecnologia quebra esse pilar de integridade e ética, que é o ativo mais valioso em qualquer parceria de sucesso.
A solução, no entanto, não é o medo ou a proibição da inovação. É a liderança pelo exemplo.
A implementação de uma governança clara sobre o uso de IA é uma pauta para o C-Level. Trata-se de direcionar a inovação, investindo em plataformas de IA com termos de serviço corporativos, que garantem contratualmente a privacidade dos dados. Mais do que isso, trata-se de fomentar uma cultura de responsabilidade digital.
Ao final, demonstrar essa seriedade não é um fardo burocrático. É um sinal de maturidade de gestão que reverbera em todo o mercado. As organizações que protegem seu ativo mais valioso, a informação, são aquelas que geram confiança. E a confiança é o que atrai e retém os talentos que realmente fazem a diferença.
A governança sobre o uso de novas tecnologias já é uma pauta ativa na sua liderança?
Benedito Borghi
A “IA Sombria” nas Corporações: O Risco Invisível que Ameaça a Cadeira dos Executivos
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